O jogo da reviravolta transformou-se no canto do cisne. O luminoso Laker Show acabou num bailado trágico. E não foi bonito de ver. Diz-se que quanto maior a ascensão, maior é a queda. Pois, os Lakers estiveram no topo da montanha durante os últimos 4 anos, nos píncaros da glória basquetebolística durante quase quatro temporadas consecutivas. A queda não podia ser pequena.
Chegou ontem, mais rápido do que alguém esperava. E foi tão memorável como o domínio que os Lakers tiveram nos dois títulos. Ou não fossem eles da terra do espectáculo, Hollywood. Espectaculares na subida, espectaculares na descida. Estiveram no topo, onde poucos estiveram. E caíram como poucos também, com o primeiro sweep da carreira de Phil Jackson, com Odom e Bynum de cabeça perdida a acabarem expulsos (depois de dois golpes baixos que deixam uma nota de mau perder e mancham a saída dos bi-campeões), com uma derrota pesadíssima, com uma falta de alma e acusações entre os jogadores de falta de espírito de equipa.
Parece que o cansaço e o desgaste de três idas consecutivas às Finais apanhou-os. O Zen Master acredita que sim, que "sabia que era uma grande desafio para esta equipa conseguir o threepeat. Fomos às Finais e voltar lá duas vezes e ganhar depois daquela derrota de 08 põe muita pressão num clube, em todos os aspectos. Personalidades. Espiritualmente. Fisicamente. Emocionalmente. Recarregar baterias jogo após jogo, assalto após assalto (...). Foi um desafio maior do que nós este ano."
E se a temporada regular deixava dúvidas sobre se estariam à altura desse desafio, esta série não deixa as menores dúvidas que não estavam. Porque quando Stojakovic e Nowitzki mostram mais intensidade defensiva que os teus jogadores, quando a tua defesa faz o Barea parecer o Chris Paul e quando o teu melhor jogador não faz uma única entrada na passada em 4 jogos, sabes que estás em apuros.
Crédito à defesa dos Mavs, foi muito boa durante toda a série. A sua defesa individual sobre Kobe e Gasol foi agressiva e tanto um como outro tiveram muita dificuldade em conseguir espaço para lançar dos seus locais mais confortáveis. Quando conseguiam ganhar algum espaço ou passar o seu defensor directo a ajuda estava sempre lá e aquela área restritiva dos Mavs esteve sempre repleta de gente a tapar o caminho para o cesto.
Já a dos Lakers, bem, foi uma verdadeira sodomia do seu garrafão e da sua defesa. Os Mavs entravam e saíam a seu bel-prazer. E nem encontraram resistência. Expuseram mais que nunca a fragilidade defensiva dos Lakers na posição de base (um problema antigo dos de Los Angeles; Derek Fisher não conseguiu sequer abrandar alguém nesta série!) e abusaram da sua má transição defensiva, más rotações defensivas e má recuperação nas ajudas. Os jogadores de Los Angeles chegavam sempre tarde nas rotações e sempre que um Laker ia dar uma ajuda dentro, demorava uma eternidade a regressar ao jogador exterior. Resultado disso? 49 triplos marcados pelos Mavs, um recorde dos playoffs para uma série de 4 jogos. 62.5% detrás dos 7,25 neste jogo e 46.2% na série.
Poucas coisas correram bem aos Lakers. A defesa foi péssima nos 4 jogos e nem o banco, que este ano estava muito melhor e foi uma das chaves do sucesso desde o início da época, se safou. Nos 4 jogos foi batido 198-89 pelo banco de Dallas.
Com a retirada de Phil Jackson e este feio final de temporada, os Lakers vão ter que pensar muito no seu futuro. Lá iremos mais tarde fazer essa análise. Mas para já, a época continua. E os Lakers saem de cena. O seu reinado terminou. Vamos ter um novo campeão.