Bem, que ponta final no mercado de transferências! Foi um último dia movimentadíssimo e há muitos anos que tantos nomes conhecidos e jogadores importantes não mudavam de equipa a meio da época. Aliás, não sei se alguma vez tantos jogadores de relevo foram trocados depois da pausa do All Star.
Pode ser da incerteza em volta do novo Acordo Colectivo (ninguém sabe como vão ser os contratos a partir da próxima temporada e muitas equipas querem livrar-se de contratos dispendiosos), ou talvez pela possibilidade de haver um lockout na próxima temporada (se não houver temporada, não há possibilidade de mexer e só podem contratar novos jogadores quando houver novo Acordo), ou quem sabe se a reunião dos Três Super-Amigos em Miami deixou algumas equipas a pensar que uma ou duas estrelas já não chegam e precisam de mais reforços. Ou então um pouco de tudo isso. Mas o facto é que nunca houve tantas equipas a mexer. Umas para tentar reforçar plantéis já fortes e perseguir um título, outras para começar ou continuar o processo de reconstrução, outras ainda para cortar salários e poupar dinheiro.
Desde 3ª feira, quando os Knicks fizeram a mega-troca com os Nuggets, e até ao fecho do mercado hoje às 15:00 (hora dos Estados Unidos, 20:00 em Portugal), mais 36 (!) jogadores trocaram de ares. Para além da troca de Carmelo, completaram-se mais 12 negócios. E com este inesperado e imenso volume de trocas, vamos ter de fazer isto por partes. Por isso, seguindo a ordem pela qual os negócios foram anunciados, aqui ficam os primeiros quatro:
James Johnson para Toronto
Este foi dos um dos nomes menos relevantes a mudar de ares. Foi enviado pelos Bulls para os Raptors em troca duma primeira ronda no draft de 2011.
A equipa de Chicago poupa os 1.7 milhões do seu salário (aumentando o seu espaço salarial livre para 3 milhões) e junta mais uma escolha no draft deste ano à que já possuem. É mais dinheiro para alguma contratação futura e a oportunidade de adicionar mais talento através do draft (ou usar essas escolhas em algum negócio futuro).
Para os Raptors, foi a oportunidade de adicionar um extremo atlético e com potencial. Como a escolha de primeira ronda que deram em troca tinha sido recebida dos Heat (no sign and trade de Chris Bosh), na prática foi como se tivessem seleccionado um jogador no draft sem gastar a sua posição.
(Johnson estreou-se já na noite passada, como titular e, nem de propósito, frente aos Bulls. Teve 9 pts, 5 res e 3 dl em 29 minutos)
Deron Williams para New Jersey
O maior nome, depois de Carmelo, a mudar de equipa. Os Jazz enviam Williams para os Nets em troca de Devin Harris, Derrick Favors e duas primeiras rondas (uma em 2011 e outra em 2012).
Com o contrato de Williams a terminar em 2012 e com este a deixar antever que não pretendia continuar na equipa, a equipa de Salt Lake City decidiu evitar o drama que os Nuggets passaram este ano e aproveitar a oportunidade de o trocar já. E apesar de perderem o seu melhor jogador, podem não ter feito um mau negócio. Conseguem em troca um bom base, que já foi All Star, um promissor power forward e duas escolhas no draft que se podem transformar em dois bons jogadores (tanto os Nets como os Warriors, a quem pertencia originalmente a outra escolha, não estão em lugares de playoffs, pelo que as escolhas serão em posições altas do draft). Não vão ter a produção de Williams com nenhum deles, mas podem conseguir tanta ou mais com este pacote de jogadores.
Para os Nets, é uma posta arriscada. Mikhail Prokhorov consegue a primeira estrela da equipa que quer construir. É o primeiro passo do seu plano. Agora só tem de convencer Williams a ficar nos Nets quando o seu contrato terminar em 2012 e procurar usá-lo para atrair mais alguma. Mas, para já, conseguiram um jogador tão bom ou melhor que Carmelo por muito menos do que os Knicks deram.
Carl Landry para New Orleans
O jovem power forward segue dos Kings para os Hornets em troca de Marcus Thornton.
A equipa de Chris Paul reforça o jogo interior, uma área onde tinham menos talento e profundidade, dando em troca um elemento do backcourt, área onde tinham mais soluções. Landry será um excelente back-up para David West e Emeka Okafor e uma ajuda importante nos dois lados do campo (ainda mais no ataque).
Para os Kings, o cenário era o oposto. Landry tinha muita concorrência no interior e a aposta para o futuro em Sacramento é DeMarcus Cousins. Procuravam mais soluções ofensivas no exterior e conseguiram-no. Thornton pode fazer as duas posições do backcourt e é um bom atirador e penetrador (média de 15 pts no ano passado, quando Chris Paul esteve lesionado e foi mais utilizado).
Troy Murphy para Golden State
Os Nets continuaram a mexer e enviaram Troy Murphy e uma segunda ronda em 2012 para os Warriors em troca de Dan Gadzuric e Brandan Wright.
Esta foi basicamente uma troca para libertar espaço salarial. Mas é um negócio um pouco difícil de explicar porque todos os seus contratos terminam no final desta temporada.
Do lado dos Nets compreende-se porque livram-se do dispendioso contrato de Murphy (que já não estava com a equipa e esperava apenas ser trocado) e ficam com dois jogadores que, para além de poderem ajudar a equipa esta temporada, permitem libertar o espaço salarial para a próxima offseason. Para além disso, Brandan Wright é um jogador que nunca (ou ainda não) atingiu o enorme potencial que lhe apontavam, pelo que pode valer a pena a aposta. Se jogar bem e mostrar-se útil para a equipa, até podem renová-lo.
Do lado dos Warriors, o objectivo é mais difícil de perceber. Murphy não parece fazer parte dos seus planos e diz-se que pretendem fazer um buy-out do seu contrato, ficando com o espaço salarial respectivo disponível. Mas se queriam apenas libertar salário, porque não o fizeram com os dois jogadores que trocaram? Parece que foram pelo caminho mais longo para chegar ao mesmo sítio. No final, vão ficar sem os mesmos jogadores e com o mesmo espaço salarial disponível. Qual o sentido da troca então?
E temos muito mais trocas para dissecar: Kendrick Perkins e Nate Robinson por Jeff Green e Nenad Krstic, Gerald Wallace para Portland, Mo Williams para os Clippers, entre outras. Não percam amanhã a continuação da análise a todas elas.